domingo, 11 de outubro de 2015

Meme dos Livros - Dia #4: um livro que eu indicaria para um novo amigo

Vai ser dureza escapar dos livros do meme anterior. De cara eu emprestaria/apresentaria para um amigo os hors concours Servidão Humana, Madame Bovary, Pergunte ao Pó, A Fazenda Africana, Paris é uma Festa, Risíveis Amores. Todos anteriormente citados em outras categorias. Mas são títulos tão "eu"que não os emprestaria desavisadamente para um novo amigo, correndo o risco de ouvir "ai nada a ver comigo". 

Veja que essa coisa de indicação acaba sendo um belo truque. Porque assim como nos identificamos com histórias e personagens, mal ou bem podemos entender (ou rotular) o outro a partir de suas preferências literárias. Claro que isso não vai definir nada na amizade! Mas faz parte do joguinho social.

Tenho, por exemplo, um amigo super ligado às Letras, profissionalmente, que até me acha inteligentinha, mas que no fundo me despreza por causa do meu amor ao Fante e ao Bukowski. De minha parte, só realça o quanto esse amigo é preconceituoso e elitista. 

Meu perfil no Goodreads avisa: "nada de realismo fantástico nem prosa poética". E apesar disso dizem até que sou pessoa de bom convívio. Quem me conhece mesmo não me indica o mais novo da Isabel Allende ou do Valter Hugo Mãe. Sei que devem ser excelentes em suas categorias porque conheço pessoas maravilhosas e inteligentes que amam esses autores, mas simplesmente não servem pra mim. Os amigos poetas sabem que não sou a pessoa certa para trocar ideias sobre suas produções, mas vou com orgulho às suas noites de autógrafos. 

Então qual autor me aproximaria de um novo amigo?  Que personagem me faria criar uma ligação mínima com essa pessoa ainda desconhecida? Qual livro vai me dar algumas pistas sobre essa nova amizade? 



Em A Balada de Adam Henry, de Ian McEwan, A juíza Fiona Maye chega a um momento complicado de sua vida, com uma rotina de trabalho dura, o marido que propõe um casamento aberto para recuperar o sexo perdido em uma relação fiel de 30 anos, além de todos os questionamentos a que uma mulher pode chegar aos 60 anos. E nesse caos interior ela tem que decidir sobre a vida ou a morte de Adam Henry, um menino de 17 anos, de uma família de Testemunhas de Jeová, que se recusa a receber transfusões de sangue para tratar a leucemia que o consome. 

O que ofereço com essa dica: romance, texto impecável de um grande autor, personagens muito bem construídos, cenário contemporâneo, história envolvente, desenrolar surpreendente e que leva a refletir sobre religião, livre-arbítrio, casamento, ética. Nada mal pra começar uma amizade. 



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